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Breve nota sobre beleza, memória e família


POR MIRA VISUAIS

"Meninas usam rosa, meninos usam azul" o bordão da ministra da mulher, da FAMÍLIA e dos direitos humanos sintetiza algumas coisas sobre o papel da instituição família dentro do sistema binário de gênero, expresso em cafonices como chás revelação. As expectativas impostas em corpos de crianças pelo núcleo familiar alimentam a cisgeneridade compulsória, construída em mentira e ficção, para produzir e reproduzir os papéis sociais estabelecidos e assim manter a normalidade racista e transfóbica capitalista.



Foto Aurélio Prates

Para essas crianças, mesmo antes da pré-escola, já é ensinado o que é bonito e o que não é. Obedecer a mãe? Bonito! Mexer na pepek? Feio! Falar por favor e obrigado? Bonito! chorar em público? Feio! Óbvio que várias questões vão atravessar esse padrão, mas existem suas semelhanças. a beleza também vai ser dita pelo TikTok, pela globo, pela escola, pela religião ao longo da vida dessa criança... Mas tudo começa na família. E essas pessoas que "guardam" a criança estão reproduzindo a memória de suas infâncias fazendo valer o que aprenderam, a família brasileira é muito pouco criativa nesse sentido.



Foto Rainha Diaba



Foto Aurélio Prates

A memória da beleza na família está fortemente estruturada na binariedade de gênero e no racismo. a velha história de como alguém que atende aos papéis de gênero que lhe foram impostos com base em sua genitália é BONITO e como um corpo dissidente de gênero (travetis, sapatão caminhoneira, bixas afeminadas, principalmente negras) é FEIO. Como um cabelo liso é bonito e um crespo não, e outras mil exemplos que a gente tá cansada de repetir.














Foto Aurélio Prates





A questão aqui é: vale mesmo a pena disputar essa beleza? esse padrão tosco, repetitivo, homogeneizado, colonial, cópia da cópia da cópia da cópia... Genocida! tentar ser alguma outra coisa, mais clara, mais alta, mais magra, mais definida do que se é? A leitura de nossos corpos na rua não é a beleza, é a chacota, a risada, a caricatura da zorra total. A lenda da bixa esquisita, que não é feia e nem bonita. "Me arrumei tanto pra ser aplaudida mas até agora só deram risada".










Foto Aurélio Prates





















Foto Rainha Diaba



Pessoas trans que não buscam incessantemente a ilusão da passabilidade cis estão arejando imaginários e construindo outras memórias, outras referências.








Abrindo mão dessas besteiras mentirosas que só nos fazem machucar, desse abismo entre o que agrada os olhos e o que não. Mas só dá pra fazer isso baixando a guarda, assumindo erros e aprofundando debates em coletivo.



Foto Aurélio Prates

Isso é só uma nota, um rascunho de toda uma hegemonia construída para nos desumanizar e matar. É uma faisquinha do desejo de juntar em afeto e proteção us trans mais feies, esquisites, monstrones, estranhíssimes e poderoses.



Daí que pode sair um futuro, o resto é narrativa.









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